Com um nome que remete para a mitologia ibérica pré-romana, pois Bandua, também designada por Banda ou Bandonga, era uma das deusas protetoras dos Lusitanos, este projeto colaborativo junta o músico e produtor luso-brasileiro Tempura the Purple Boy ao cantor e músico português Edgar Valente, apresentando-se como um local onde a música eletrónica influenciada pelo downtempo berlinense se encontra com o espírito popular da Beira Baixa. Dito assim até pode parecer confuso, mas basta ouvir o álbum de estreia homónimo da dupla, lançado no início do ano passado, para perceber que tudo isto, afinal, faz bastante sentido. O resultado foi um disco bastante melancólico e contemplativo, cantado em português, no qual sonoridades, poemas e canções populares da Beira Baixa são trazidas para a atualidade e recriadas mediante um filtro mais contemporâneo, sob uma forma mais abrangente de pop eletrónica influenciada pelas tradições pagãs e mouriscas desta zona raiana. “Queríamos criar algo novo, sem esquecer de onde vimos”, explica Addario, num conceito que também quiseram transpor para as apresentações ao vivo, marcadas por uma indumentária e cenografia própria, pensada de modo a convocar toda a mística de Bandua para o palco.