Photo © Francisco Gomes Queragura
Rita Vian começou a assumir as rédeas do seu próprio percurso artístico por volta de 2019, altura em que lançou singles soltos como “Diágonas2, “Sereia” ou “Purga” que lhe afirmaram a diferença, mostrando-a sem medos a saltitar entre a tradição e o futuro, aproximando-se do fado sem nunca largar as ferramentas electrónicas de produção que lhe permitem injectar futuro na sua arte. Depois, as expectativas transformaram-se em certezas quando editou o ep “Caos’a”, co produç\ao de Branko, um dos mais avançados estetas da nossa moderna música.
O seu álbum de estreia, “Sensoreal”, editado em Outubro de 2023, levou a revista Rimas e Batidas a descrever Rita Vian como uma “mestre da palavra e de uma lírica atenta dos sentidos e observadora dos silêncios”. Nesse trabalho, que mereceu rasgados elogios por parte da crítica especializada, Vian construiu um universo próprio em que convivem diferentes galáxias musicais, do fado ao hip hop passando pela leveza hipnotizante da electrónica mais calma. Com aliados criativos como João Maia Ferreira (que antes assinava benji price) ou Conan Osíris, Rita Vian afirmou ainda mais a sua veia autoral guiando os destinos do álbum que ela mesma produziu, sinal de uma mente artística segura, que entende muito bem o que é o desconhecido e como se devem desbravar novos territórios.
Em palco, isso traduz-se numa presença magnética, que desafia convenções e que é capaz de nos enredar na teia muito ténue, mas real, da sua arte singular que às vezes até parece chegar-nos vinda do futuro. Talvez seja aí que Rita melhor se sinta.