Photo© Art Direction. ACBD Studio Ana Cunha Gonçalo Santana, Photographer. Luís Mileu
“Fado Camões” sucedeu já em 2024 a “LINA_Raul Refree” e impôs a fadista LINA_ como uma das mais tremendas intérpretes portuguesas da actualidade. Não apenas do fado, o território vasto que ainda navega, mas da música em geral. No trabalho anterior realizado com o mesmo produtor espanhol que desenhou a penumbra que cobria “Los Angeles”, o trabalho de estreia de ROSALÍA, LINA_ vergou-se à enormidade de Amália para medir o alcance da sua voz. Depois, o seu enorme talento confirmou-se em assombrosos espectáculos de palco: dotada de uma voz de transparência e leveza absoluta, carregada de alma e carisma, LINA_ impressiona pela entrega e profundidade da alma que carrega na voz.
“Fado Camões”, por sua vez, conta com Justin Adams aos comandos em estúdio, outro produtor que assume estar distante do fado (o seu trabalho estendeu-se de Jah Wobble a Robert Plant, Tinariwen ou Rachid Taha) e que por isso mesmo é capaz de ignorar códigos e desbravar novos caminhos. E, uma vez mais, em palco isso traduz-se num espectáculo de beleza imensa. Ladeada em concerto por Ianina Khmelik (violino, piano e sintetizadores) e Pedro Viana (guitarra portuguesa), LINA_ mostra que é uma das artistas que melhor entende que o palco é lugar sagrado onde o que se regista em estúdio se transforma em arte viva e plena. Nos concertos de “Fado Camões” a sua voz que pode ser relâmpago entende que basta ser simples vela de luz trémula para ainda assim iluminar toda a gente que a ela facilmente se rende. Não é magia, é mesmo engenho de verdadeira artista.