Quando em 2015 editou o álbum a solo Guitarra Makaka – Danças a um Deus Desconhecido, Tó Trips decerto não imaginaria como aqueles temas algo nostálgicos, inspirados em destinos mais ou menos distantes como Cabo Verde, Mali ou Marrocos, se transformassem, alguns anos mais tarde, no manifesto de resistência, mas também de festa que dá pelo nome de Club Makumba. Tudo começou na digressão desse mesmo disco, quando Tó Trips convidou o baterista e percussionista João Doce para o acompanhar ao vivo. À dupla juntaram-se depois Gonçalo Prazeres no saxofone e Gonçalo Leonardo no contrabaixo, dois músicos que já haviam tocado com Tó Trips no álbum Odéon Hotel, dos Dead Combo. E foi já com a banda completa que foram desenhadas as exóticas paisagens sonoras deste Club Makumba, por entre “guitarras das costas do sul, ritmos quentes do norte de áfrica”, jazz, “melodias e afinações antigas”. Tudo embrulhado num ambiente “de festa multicultural” com “um lado clashiano”, no sentido mais panfletário do termo, “pela defesa das migrações e do direito das pessoas em lutar por uma vida melhor neste lado do mundo”, tal como se percebe pela capa do disco de estreia do coletivo, inspirada na famosa pintura A Jangada da Medusa, de Théodore Géricault, mas neste caso “alterada com o símbolo do dólar”.