Photo © Rita Carmo
Com mais de três décadas de carreira, Paulo Flores regressou já este ano aos discos com “Canções que fiz pra quem me ama”, um trabalho que celebra o percurso já trilhado e homenageia as raízes musicais de Angola, sempre presentes na sua obra. Figura central da música angolana, Paulo Flores continua a construir pontes entre tradição e contemporaneidade, trabalhando o semba tradicional com a elegância de quem conhece profundamente o seu ADN cultural. Nesse novo álbum, há também uma intenção de preservar um certo semba de salão, herança que se vai rarefazendo desde o desaparecimento de nomes como Carlos Burity, a quem Flores presta aqui um tributo implícito, ao mesmo tempo que reacende o pulsar dançante e lírico desse estilo.
Neste novo álbum, Flores mantém-se fiel à tradição angolana, mas sem deixar de dialogar com outras influências e ritmos, numa constante procura pela fusão entre corpo e alma, melodia e memória. As canções são, como é habitual no universo deste cantautor, carregadas de narrativas poéticas, feitas de saudade, luta, amor e pertença — um espelho de Angola e dos seus muitos mundos. O novo repertório foi apresentado ao vivo nos dias 24 e 25 de abril no B.Leza, em Lisboa, no âmbito do ciclo Inquietação. Os concertos, esgotados, confirmaram o lugar que Paulo Flores ocupa no coração de várias gerações, deixando claro que o palco é, como sempre, o lugar onde o artista transforma a música numa partilha íntima e coletiva, chamando à dança e à escuta, à comunhão e à resistência.