Henrique Silva e Luís Firmino dirigem os destinos de um colectivo especial que responde ao nome Acácia Maior. A sua visão é especial e entende a longa tradição musical de Cabo Verde como um mapa para descobrir o futuro, como tão bem demonstrado no seu mais recente lançamento, “Fort d’cmê Bolacha”, tema em que garantem que “nem só de pão vive o homem”.
Nascidos em São Vicente, Henrique e Luís conheceram-se em Portugal, em 2018, no lançamento da Tabanka Records. Foi amizade à primeira vista, ao som do violão e do cavaquinho. Sem nenhum plano arquitetado, começaram a experimentar, a criar em conjunto e decidiram não ignorar o que estavam a viver e a sentir. Dos encontros que essa Acácia fez nascer surgiu, então, o barro em que se moldou Cimbron Celeste, um álbum luminoso, inventivo e construído com quem deles se fez cúmplice, de João Gomes de Fogo Fogo e Cachupa Psicadélica a lendas vivas como Paulino Vieira.
Cimbron Celeste é uma viagem pelas diferentes ilhas de Cabo Verde e pelos diferentes tempos em que se ergueu a sua ampla e fértil diversidade poética, rítmica, sonora e musical. Mas é também um diálogo com o tempo presente, onde a música se renova e regenera nos encontros que precipitam o futuro. Ao longo de três anos, nutriram o solo, plantaram paixões e regaram muitas ideias. O que agora colhem é um rico e delicado ecossistema sonoro, povoado de muita experimentação, ética e comoção. Um coletivo resistente à indústria do individualismo e que aposta tudo no espanto. O mundo terá perdido dois engenheiros, mas em contrapartida, ganhou dois criadores radicalmente livres. Já em 2024, surgiram também ao lado de Nancy Vieira na belíssima “Nôve Kretxêu”, mais uma prova da amplitude da sua original visão.