Fulu Miziki

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Fulu Miziki é uma declaração artística em movimento. Nascido em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, este coletivo multidisciplinar tem vindo a conquistar os palcos internacionais com um som inclassificável e uma estética que combina afrofuturismo, consciência ecológica e rebeldia punk. Do lingala, “fulu” significa lixo — e é precisamente a partir do que outros descartam que este grupo cria instrumentos, máscaras e trajes de performance. Nada é comprado, tudo é reaproveitado. Desde tubos de plástico a pedaços de metal ou tecido, cada elemento ganha nova vida como parte de uma orquestra sonora e visual que desafia convenções e transforma o desperdício em arte pulsante.

A abordagem dos Fulu Miziki é, acima de tudo, política. Cada espetáculo é uma performance ritualizada que mistura batidas tribais eletrificadas, dança, intervenção urbana e crítica social. A mensagem é clara: é preciso repensar a relação do ser humano com o planeta e com as suas próprias raízes. Através de uma linguagem sonora que cruza géneros e continentes, o coletivo defende a libertação criativa e a dignidade africana, expondo simultaneamente os desequilíbrios ecológicos e económicos que afetam tanto o Congo como o mundo globalizado. Afrofuturistas por natureza e ecologistas por convicção, os membros de Fulu Miziki projetam-se como vanguardistas de um futuro alternativo — um futuro em que a arte, feita de resíduos e reinvenção, serve como meio de resistência e regeneração. Para eles, não se trata apenas de música: trata-se de imaginar um outro mundo possível, a partir das ruínas do atual. O resultado desta visão é vibrante, como bem atesta “Mokano EP”, original trabalho de 2024.