Bulimundo

(CV)

Quando os Bulimundo surgiram, em 1978, por iniciativa do músico Carlos Alberto Martins, vivia-se um período de grande efervescência cultural no arquipélago de Cabo Verde, impulsionado pela recém-conquistada independência. E uma das principais missões do grupo foi desde logo um retorno às origens da música tradicional cabo-verdiana, em especial do Funaná, então visto como um género menor, confinado às áreas rurais e mais pobres da ilha de Santiago, para a partir daí se encontrarem novos caminhos musicais. A primeira apresentação pública foi em 1980, numa série de concertos organizados no Cine Teatro da Praia para comemorar os cincos anos da independência de Cabo Verde. Tradicionalmente tocado com uma “gaita” (acordeão diatónico) e uma barra de ferro conhecida como “ferrinho”, acrescentaram ao funaná a eletrificação de uma banda, trazendo-o para o centro da cidade e popularizando-o junto de uma nova geração. Do lugar subalterno a que o conservadorismo das autoridades coloniais o havia remetido, o funaná tornava-se por via dos Bulimundo no novo pop de Cabo Verde, em especial junto da imensa diáspora deste pequeno país, que abriria as portas da Europa e da América ao grupo, à boleia de álbuns tão fundamentais como Bulimundo e Djam Branku Dja, ambos de 1980. Seguir-se-iam muitos mais, até 1997, ano em que o grupo interromperia a atividade, para voltar a reunir-se duas décadas depois, regressando aos palcos com três dos elementos fundadores, dos oito que atualmente fazem parte deste coletivo.