Basta ouvir a voz que canta “Allan Guiné”, tema que surge no arranque de “Family”, álbum de 2022, para se perceber que Eneida Marta é uma artista especial, que a sua alma possui uma profundidade invulgar e que o seu timbre distinto pode equilibrar lamento e esperança na mesma palavra, no mesmo sopro.
Esta cantora guineense nasceu em Bissau pouco antes da antiga colónia portuguesa declarar a sua independência. Uma altura auspiciosa, portanto. E faz, por isso mesmo, sentido que Eneida Marta cante a liberdade, o amor, as coisas realmente importantes da vida. Esse percurso já conta com uma série de trabalhos de longa duração, incluindo igualmente “Ibra” (2019) ou “Nha Sonhu” (2015). São marcos do caminho que trouxe Eneida até ao presente, levando-a a cruzar muitos palcos, de Madrid e Barcelona a Amesterdão ou Vancouver, de Roma a Budapeste e Cidade do México, de Boston a Londres e Berna. E em todos, o mesmo aplauso emocionado de quem encontra uma voz carregada de alma, de sonhos, de dor e de alegria.
Para este espectáculo no MED, Eneida traz um convidado especial: Huca é um artista nascido em Moçambique que estudou teatro em Lisboa ed que em 2021 deu que falar com a sua passagem pelo programa The Voice. Já este ano levou uma sentida vénia a Sara Tavares ao Festival da Canção da RTP, mostrando com “Pé de Choro” a sua profunda originalidade.
Da junção de Eneida e Huca nascerá, certamente, uma experiência musical absolutamente memorável, com a Guiné-Bissau e Moçambique como pontos de partida para uma viagem em que toda a gente quererá embarcar.