Houve um tempo em que Pedro quase deitou tudo a perder, por mais que uma vez. A primeira, por receio, por achar que a sua música poderia não ser assim tão interessante para os outros, levando-o, constantemente a adiar o tão desejado passo de se assumir enquanto artista. Pelo contrário, a sua música não só interessou como entusiasmou, como depressa se percebeu quando editou os EP Má Fama e Tanto Sal, em 2017 e 2018, respetivamente, dando a conhecer uma música feita kuduro, kizomba, afro-house, R&B, hip-hop, mas também fado e diversas referências à música popular portuguesa. De um momento para o outro, era elevado à condição de grande esperança da nova música portuguesa, tornando-se figura recorrente nos palcos dos clubes e festivais mais atentos à novidade. E foi então que quase se perdeu novamente, iludido pelo aparente sucesso, “como aquele jovem jogador de futebol que é contratado por um grande clube, mas passado um ano já ninguém ouve falar dele”, segundo palavras do próprio. Regressou no entanto em grande, em 2021, com o aclamado álbum de estreia Por este Rio Abaixo, no qual recuperou, à luz de uma certa contemporaneidade urbana, a tradição, o popular e também “algumas ligações esquecidas ou escondidas, que também fazem parte do que é ser português”. Foi ainda um dos produtores do disruptivo Casa Guilhermina, o álbum que reencaminhou a carreira de Ana Moura para novas direções e editou no mês passado o segundo álbum de originais Estava no Abismo Mas Dei um Passo em Frente, onde se incluem os já êxitos Estrada e Preço Certo.