Photo © Benoit Peverelli
Na famosa plataforma COLORS, Ballaké Sissoko mostrou com a sua intensa e profunda interpretação de “Nan Sira Madi”, peça que abre o extraordinário álbum “A Touma”, como a arte que cria tem apelo universal e como, ainda assim, traduz na perfeição com a sua kora toda a alma do povo maliano.
Nesse álbum editado em 2021, Ballaké estabelece um íntimo diálogo com o seu instrumento que é, ao mesmo tempo, uma espécie de profunda meditação, tão tocante que levou a imprensa internacional a render-se incondicionalmente. O Guardian descreveu a sua música como “sonhadora e aventureira”. E, de facto, fechando os olhos é fácil viajar embalado pela sua kora.
Os instrumentais que gravou nos confins íntimos da Chapelle Sainte-Apolline na Bélgica são o mais profundo auto-retrato que Ballaké poderia oferecer ao mundo. Juntas, elas proclamam, sem necessidade de mais provas, as alturas de mestria e liberdade que este discreto gigante da música global escalou nos seus quarenta anos de carreira. É um testemunho cativante, íntimo e autêntico, gravado numa tarde, em que Ballaké nos leva numa viagem, uma viagem sinuosa e cheia de majestosidade, que beira o sagrado e toca serenos planaltos meditativos e planícies atravessadas por guerreiros Manding, saídos das epopeias de um país de que são o orgulho.
Quanto ao título “A Touma”, entenda-se que significa “este é o momento”: o momento em que Ballaké partilha os frutos da sua maturidade e em que nós descobrimos e nos deixamos levar.
Sissoko já editou mais material desde “A Touma”, deixando claro que continua em busca de novas paisagens sonoras. O seu mais recente trabalho, que já data de 2024, marca o encontro com o guitarrista Gripper, mais uma amostra da sua vincada vocação colaborativa.